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junho 30, 2006

Não entendes?

Não falas de liberdade
Sabes que sempre haverá um cemitério em tua memória
E às vezes é preciso visitá-lo
Acender velas e sentir o aroma das flores mortas
E às vezes abrir a porta
Abrir outro canal
E partir

Impossível estar liberto da existência.

junho 04, 2006

(Ab) Solvido

Passeia-me, um coração, pela boca infinita em dentes e pegadas contrapostas:
esquerda - direita.

Passear-me-á amedrontado, na manhã da sua partida, afoito, por entre sonhos que desperdiçamos sob a luz insuficiente da lâmpada seca, deitados no macio das madrugadas.

Sufocar-me-á o vômito verdoloroso quando não puder cantar-te, à rouca voz, a falta de vontade de sair dos teus laços.

{Saberei...}

Saberás o clamor das minhas extremidades no momento exato do choque, no instante em que os ruídos de fora irromperem pelas frestas e inundar-nos de pavores.

Revelar-me-á por inteiro, então, um coração franzino e sem fé, confundido entre os pêlos e as cinzas vãs que a ventania não quererá carregar.