Páginas

junho 04, 2006

(Ab) Solvido

Passeia-me, um coração, pela boca infinita em dentes e pegadas contrapostas:
esquerda - direita.

Passear-me-á amedrontado, na manhã da sua partida, afoito, por entre sonhos que desperdiçamos sob a luz insuficiente da lâmpada seca, deitados no macio das madrugadas.

Sufocar-me-á o vômito verdoloroso quando não puder cantar-te, à rouca voz, a falta de vontade de sair dos teus laços.

{Saberei...}

Saberás o clamor das minhas extremidades no momento exato do choque, no instante em que os ruídos de fora irromperem pelas frestas e inundar-nos de pavores.

Revelar-me-á por inteiro, então, um coração franzino e sem fé, confundido entre os pêlos e as cinzas vãs que a ventania não quererá carregar.

16 comentários:

Anônimo disse...

Entre o barroco da linguagem, há a confidência de alguém que se sente pequeno e que se traveste de ouro e torres pontiagudas. A linguagem, a mesóclise, desviam o olhar para o despejamento do grito de alguém de "coração franzino e sem fé", que se despedaça na tensão e peso do mundo sobre os ombros e que caminha sem o conforto aparente da crença iluminadora.

Beijos, querido,

Jana

Anônimo disse...

(ab) solvo (te) a ausência longa. (ab) sorvo (te). 1 abraço

Anônimo disse...

Oi Ivã! Obrigada pela visita, obrigada pelo comentário e obrigada pela leitura agradávle que me proporcionou aqui. Gostei daqui e passarei muitas vezes. E lá no meu canto vc é muito bem vindo. Beijos.

Anônimo disse...

, coração que ventania não carrega. não leva.

|abraços meus|

Claudio Eugenio Luz disse...

e, olha, pedro pan, definiu com exatidão essa bela prosa. Gosto quando a força reside no desconhecido, mas que se desvela como água cristalina.

hábraços

Marina disse...

E que as cinzas do amor não sejam esquecidas... Que o vento leve a solução...

Beijos.

alice disse...

posso subscrever o marcos?

é que tantas vezes vim visitá-la à procura de novas palavras

e hoje tive minha recompensa ;)

foi muito bom lê-la novamente

um grande beijinho,

alice

Anônimo disse...

Legal, o blog. Identififquei-me com os teus "chegados". Muito bom.
Há braços!!

alice disse...

caro ivã,

agradeço sua visita e sobretudo a correcção que discretamente fez...

estava tratando você por mulher e peço mil desculpas

um grande beijinho

bem haja pelas suas palavras,

alice

Lua em Libra disse...

Dissolvam-se as cinzas, meus caro,
na maciez das madrugadas, e não sobrará um vento sequer que encoraje-se de espalhá-las. Absolvido de todos os futuros estarás, quando as extremidades fecharem-se, em círculo.

Saudades de voltar aqui e te ler.

Abraços, poeta.

Edilson Pantoja disse...

Corações franzinos somos, ainda que de extremidades calorosas.
Abraços!

Adriano disse...

oi ivan, sou adriano amigo de erica, ela me indicou seu blog, to passando por aqui, achei bacana e movimentado, eu tenho um q tá meio moribundo.. é nesse link aí abração.

Adriano disse...

o blog é http://evasao.blogspot.com, se te interessa

Anônimo disse...

Mas esse coração pode ser aparentemente franzino, aguardando apenas algo que o faça pulsar e inflar como nunca.

Anônimo disse...

Belo poema...

Anônimo disse...

Esse necessita silêncio, comedido, digestivo. De um toque leve e um golpe certo, toda poesia transcorrida, poderosa. Tua pena é forte, Ivã.

Grande abraço.

Ernesto Diniz
http://ernesto.naselva.com/blog