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julho 23, 2006

Situação

Um torpor, repentino, alveja-me
enquanto o gosto dos dias gastos
dissolve em minha saliva

Não procura, ele, em mim, o sabor da terra,
mas as raízes fincadas em nuvens de zinco

O rosto é outro a distrair minhas aparências
formas frouxas flutuantes

De repente um medo, esquecido no breu dos
meus vazios, reage e assalta a minha vontade

Sucumbo sem saída

A renegar rumores de outras solidões
na viscosidade em meus poros
{...rasos, largos...}
deixo reservada a vida
pulverizada entre mim e o infinito que lho cerca

No final

Saliento, tão somente, que ainda cabe em mim
temores, dúvidas, riscos
cabe a dor a arder, se for
cabe em mim um dia, um mundo
e só não vinga, só não me cabe o seu amor

16 comentários:

Anônimo disse...

"Saliento, tão somente, que ainda cabe em mim
temores, dúvidas, riscos
cabe a dor a arder, se for
cabe em mim um dia, um mundo
e só não vinga, só não me cabe o seu amor".
Num corpo cabem mundos, cabem tempos, passado, presente e a idéia de futuro. No corpo cabem vários de nós, rostos múltiplos, personagens de nós mesmos. O amor cabe, mas extravaza sempre o recipiente.

Beijos, menino querido

Jana

Anônimo disse...

, que situação... passamos por ela...
, "gosto dos dias gastos" e "esquecido no breu dos meus vazios" e "cabe a dor a arder" são imagens lindas...

|abraços meus|

Claudio Eugenio Luz disse...

Rapaz!, novamente tece uma situação nem rasa, nem tampouco estreita; porém, profunda e larga.

hábraços

Luzzsh disse...

Oi,
Gostei muitíssimo daqui. Já que tanto ainda cabe em ti, espero que me caiba aqui vez em quando. Beijos.

Anônimo disse...

Muito bom! Beijos.

i disse...

É incrível como um poema pode ter força suficiente para derrubar o Espírito de um homem!

Anônimo disse...

Poema denso e sublime. Gostei.

Anônimo disse...

é quando não nos cabe o amor de quem queremos que, ainda que em nós caiba o mundo (é bem verdade que cabe), que os dias passam como bois e acabam mesmo dissolvendo-se, gastos e inúteis.
é sempre bom revê-lo, meu caro. 1 abraço

Rubens da Cunha disse...

Ola Ivã,
obrigado pela visita ao casa de paragens.
Tua poética é também inspiradora, cheia de nuances, dona de uma largueza rara de encontrar na net.
Vi que muitos dos teus chegados aí do lado, são meus chegados também, vou te linkar lá no casa que é pra vir aqui juntar os cacos vez em quando.
abraços
Rubens

Marina disse...

Tão intenso esse medo, essa solidão... O vazio do final que é tão incerto... Esses nossos pedaços pelo chão...
Essa luz que cabe em nós... E ainda nos alimenta...

Lindo teu poema, querido Ivã...

Beijos deLírios... ;)

Anônimo disse...

Apurado, preciso, poético...Seus textos estão cada vez mais exatos, mais delicados e mais bonitos! Parabéns!! Bjos!

Anônimo disse...

cabem aí o mês de abril e uma instamatic antiga? estou procurando.

Lua em Libra disse...

O medo, poeta, é a maior dor, a arder.

Abraços, sempre bom voltar aqui.

Anônimo disse...

Oi Tudo bem? Parceria é algo complicado, veja bem, estou em parceria com A Outra, para um Blog Experimento e ela não me esperou concluir o convite para os leitores, sim, sim precisamos de pessoas como você e de comentários. Então como eu estava dizendo, ela A Outra, passou na minha frente e foi convidando as pessoas de sua forma, então estou aqui, O Outro, para te convidar para nosso "Projeto Experimento: Um Blog Metalinguístico"
Conto com sua presença e colaboração!
O Outro.

Anônimo disse...

Olá!

Eu sou A Outra e vim aqui te dizer que O Outro é muito enrolado e não conseguiu se decidir numa abordagem ideal para o nosso "Projeto Experimento: Um Blog Metalinguístico". Eu disse que não existe uma abordagem ideal, mas, sabe como são os homens, né? Então o deixei falando sozinho e estou aqui te convidando para conhecer nosso blog!

Apareça!

A Outra.

Anônimo disse...

Belo arremate. Abraços.